domingo, 29 de agosto de 2010
Luz-em-cu, ouriços e raposas
Estando à conversa com o meu primo Joaquim e falando sobre os bichos que existem na Nave dei-lhe a saber que ainda existem os luz-em-cus, que ele pensava que estavam extintos, e que tive a sorte de os ter visto no meu quintal e à beira da estrada. Uma noite destas tive um encontro imediato com um ouriço caixeiro que foi comer a comida dos gatos de rua que se encontrava no meu alpendre. Também tive a sorte de ter observado uma linda raposa com um rabo farfalhudo, castanho claro, que ia atravessar a estrada , mas que se assustou e fugiu.
terça-feira, 24 de agosto de 2010
UMA PARTE DO TIO JOAQUIM GUERREIRO
Tinha eu catorze anos e ainda me recordo do "apanhado" a que assisti na casa dos meus avós paternos, tendo como personagens a minha avó Jacinta, o meu avó Joaquim e o mestre Figueira, carpinteiro que estava a substituir as velhas portas de madeira.
Naquela manhã de Agosto o meu avó chegou da Alagoa com os burros carregados com cântaros de água.
Nesse tempo não havia água canalizada e a água da cisterna já estava num nível muito baixo.
JOAQUIM GUERREIRO (Gritando) - Jacinta!!! Oh Jacinta onde estás?
JACINTA (saindo da casa do forno) - Ó homem o que é que queres?
JOAQUIM (em voz muito alta) - Ó Mulher arranja-me a gravata preta e o casaco para ir ao funeral da Tia Maria da Ponte ...
MESTRE FIGUEIRA (deixando o que estava a fazer veio espreitar à porta) - Ó Tio Joaquim quem é que você diz que morreu?
JOAQUIM- Estou descorçoado. ninguém diga que está bem, ... morreu a Tia Maria da Ponte, que ainda é minha prima e o funeral é hoje à tarde...
MESTRE FIGUEIRA - Não pode ser tio Joaquim, mesmo de manhã quando vinha na motorizada vi a mulher à porta de casa... isso é mentira ...é mentira... quem lhe contou?
JOAQUIM - Encontrei o Zé Espadilha a varejar umas amendoeiras e foi ele que me contou. Não me diga que o Zé Espadilha me mentiu...
MESTRE FIGUEIRA- Isso é mentira Tio Joaquim, juro pela saúde dos meus que vi a mulher à porta... tenho a certeza...
JOAQUIM- O quê o Zé Espadilha foi capaz de me mentir e fazia-me ir daqui a Salir en vão... isto não vai ficar assim ...brinca-se com a morte de uma pessoa...
Jacinta!!! Jacinta!!! Onde está o machado eu vou retraçar aquele malvado...
O meu avó foi buscar o machado ao pé da salgadeira e vinha vociferando
JOAQUIM- Vai pagar-mas, o Zé Espadilha vai pagar-mas ...
Mestre Figueira e a minha Avó (ambos de fraca estatura) agarraram aflitos o meu avó que estrebuchava, arrastando-dos até à porta da rua, sempre a protestar.
MESTRE FIGUEIRA- Tenha calma Tio Joaquim não desgrace a sua vida e a dos seus.Quem sabe se alguém pregou uma mentira ao pobre do homem...
E o meu avô lá se acalmou largando o machado nas mãos do Mestre Figueira, que respirava de alívio...
Eu assisti serenamente a esta autêntica peça de Teatro sem intervir porque conhecia muito bem o meu avó, de quem gostava muito e percebi logo que se tratava de "marosca".
Naquela manhã de Agosto o meu avó chegou da Alagoa com os burros carregados com cântaros de água.
Nesse tempo não havia água canalizada e a água da cisterna já estava num nível muito baixo.
JOAQUIM GUERREIRO (Gritando) - Jacinta!!! Oh Jacinta onde estás?
JACINTA (saindo da casa do forno) - Ó homem o que é que queres?
JOAQUIM (em voz muito alta) - Ó Mulher arranja-me a gravata preta e o casaco para ir ao funeral da Tia Maria da Ponte ...
MESTRE FIGUEIRA (deixando o que estava a fazer veio espreitar à porta) - Ó Tio Joaquim quem é que você diz que morreu?
JOAQUIM- Estou descorçoado. ninguém diga que está bem, ... morreu a Tia Maria da Ponte, que ainda é minha prima e o funeral é hoje à tarde...
MESTRE FIGUEIRA - Não pode ser tio Joaquim, mesmo de manhã quando vinha na motorizada vi a mulher à porta de casa... isso é mentira ...é mentira... quem lhe contou?
JOAQUIM - Encontrei o Zé Espadilha a varejar umas amendoeiras e foi ele que me contou. Não me diga que o Zé Espadilha me mentiu...
MESTRE FIGUEIRA- Isso é mentira Tio Joaquim, juro pela saúde dos meus que vi a mulher à porta... tenho a certeza...
JOAQUIM- O quê o Zé Espadilha foi capaz de me mentir e fazia-me ir daqui a Salir en vão... isto não vai ficar assim ...brinca-se com a morte de uma pessoa...
Jacinta!!! Jacinta!!! Onde está o machado eu vou retraçar aquele malvado...
O meu avó foi buscar o machado ao pé da salgadeira e vinha vociferando
JOAQUIM- Vai pagar-mas, o Zé Espadilha vai pagar-mas ...
Mestre Figueira e a minha Avó (ambos de fraca estatura) agarraram aflitos o meu avó que estrebuchava, arrastando-dos até à porta da rua, sempre a protestar.
MESTRE FIGUEIRA- Tenha calma Tio Joaquim não desgrace a sua vida e a dos seus.Quem sabe se alguém pregou uma mentira ao pobre do homem...
E o meu avô lá se acalmou largando o machado nas mãos do Mestre Figueira, que respirava de alívio...
Eu assisti serenamente a esta autêntica peça de Teatro sem intervir porque conhecia muito bem o meu avó, de quem gostava muito e percebi logo que se tratava de "marosca".
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