Maria Francisca

Maria Francisca
a artesã generosa

Um caso singular na Ecomonia de Mercado

Neste tempo em que a Economia se impõe de forma escandalosa sobre a Política, determinando a acção de muitos políticos, de comentadores, de jornalistas e de muitas pessoas influentes que colocam os interesses económicos particulares acima dos interesses das populações, dos povos e das nações, devemos valorizar a generosidade de alguns que contrariando a lógica do mercado, são como a formiga que segue em sentido contrário, como cantava José Afonso.
A artesã Maria Francisca é um caso único na Nave do Barão e talvez na nossa região.
Reutilizando os restos de ráfia desaproveitada que a Angelina lhe fornece, fabrica, com o seu jeito e paciência, alcofas artísticas que oferece aos habitantes da Nave e arredores.
A quem pretende comprar alguma das suas peças, recebe como troco aquele sorriso amigo e o terno olhar da artesão que rejeita mercantilizar o seu engenho e arte.
Conhecem alguém como a minha prima Maria Francisca?

VIVA A ARTESÃ GENEROSA DA NAVE DO BARÃO!

As televisões e os jornais deveriam dar visibilidade pública a estes exemplos em vez de nos massacrarem com tragédias e darem relevância exagerada ao que de mal acontece no mundo.

Rally Paper

A dinner at Nave do Barão

ELOGIO DOS MENTIROSOS DA NAVE DO BARÃO


O Largo era a Escola,
Mestres eram bastantes,
A retirar da cartola
Ideias extravagantes.

De tudo um poucochinho
Se fazia uma "notícia",
P'ra passar um bocadinho
Com muito humor e malícia.

Os pobres dos visitantes
Ficavam "empanzinados";
Iam para sítios distantes
Com os "eventos" contados.

Um dia... era uma vez...
Dizia o Tio Joaquim;
Entrava o Tio Chico Inês
Com poses perlim pim pim.

Às vezes metia dó...
Ver aquele a vontade,
Com que o Tio Zé d'Avó
Reinventava a verdade.

A forma como contavam
As histórias que faziam;
Os próprio acreditavam
Nas mentiras que diziam.

Um teste à inteligência,
Onde alguns "presunçosos"
Com ares de muita ciência,
Davam tombos estrondosos.

Afinal um passatempo
Com bonitos apanhados,
Saídos do pensamento
Sabiamente improvisados.

A ilusão semeada
Com muita imaginação,
Era verdade sagrada,
Contada com devoção.

Só muita filosofia
e arte de sedução,
Pode gerar empatia
Para iludir a razão.

Tradição deixou semente
Nesta nossa terra santa,
Ainda há alguma gente
Que sabe "pintar a manta".

Joaquim António

Páginas

domingo, 29 de agosto de 2010

Luz-em-cu, ouriços e raposas

Estando à conversa com o meu primo Joaquim e falando sobre os bichos  que existem na Nave dei-lhe a saber que ainda existem os luz-em-cus, que ele pensava que estavam extintos, e que tive a sorte de os ter visto no meu quintal e à beira da estrada. Uma noite destas tive um encontro imediato com um ouriço caixeiro que foi comer a comida dos gatos de rua que se encontrava no meu alpendre. Também tive a sorte de ter observado uma linda raposa com um rabo farfalhudo, castanho claro, que ia atravessar a estrada , mas que se assustou e fugiu.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

UMA PARTE DO TIO JOAQUIM GUERREIRO

Tinha eu catorze anos e ainda me recordo do "apanhado" a que assisti na casa dos meus avós paternos, tendo como personagens a minha avó Jacinta, o meu avó Joaquim e o mestre Figueira, carpinteiro que estava a substituir as velhas portas de madeira.

Naquela manhã de Agosto o meu avó chegou da Alagoa com os burros carregados com cântaros de água.
Nesse tempo não havia água canalizada e a água da cisterna já estava num nível muito baixo.

JOAQUIM GUERREIRO (Gritando) - Jacinta!!! Oh Jacinta onde estás?
JACINTA (saindo da casa do forno) - Ó homem o que é que queres?
JOAQUIM (em voz muito alta) - Ó Mulher arranja-me a gravata preta e o casaco para ir ao funeral da Tia Maria da Ponte ...
MESTRE FIGUEIRA (deixando o que estava a fazer veio espreitar à porta) - Ó Tio Joaquim quem é que você diz que morreu?
JOAQUIM- Estou descorçoado. ninguém diga que está bem, ... morreu a Tia Maria da Ponte, que ainda é minha prima e o funeral é hoje à tarde...
MESTRE FIGUEIRA - Não pode ser tio Joaquim, mesmo de manhã quando vinha na motorizada vi a mulher à porta de casa... isso é mentira ...é mentira... quem lhe contou?
JOAQUIM - Encontrei o Zé Espadilha a varejar umas amendoeiras e foi ele que me contou. Não me diga que o Zé Espadilha me mentiu...
MESTRE FIGUEIRA- Isso é mentira Tio Joaquim, juro pela saúde dos meus que vi a mulher à porta... tenho a certeza...
JOAQUIM- O quê o Zé Espadilha foi capaz de me mentir e fazia-me ir daqui a Salir en vão... isto não vai ficar assim ...brinca-se com a morte de uma pessoa...
Jacinta!!! Jacinta!!! Onde está o machado eu vou retraçar aquele malvado...
O meu avó foi buscar o machado ao pé da salgadeira e vinha vociferando
JOAQUIM- Vai pagar-mas, o Zé Espadilha vai pagar-mas ...
Mestre Figueira  e a minha Avó (ambos de fraca estatura) agarraram aflitos o meu avó que estrebuchava, arrastando-dos até à porta da rua, sempre a protestar.
MESTRE FIGUEIRA- Tenha calma Tio Joaquim não desgrace a sua vida e a dos seus.Quem sabe se alguém pregou uma mentira ao pobre do homem...
E o meu avô lá se acalmou largando o machado nas mãos do Mestre Figueira, que respirava de alívio...

Eu assisti serenamente a esta autêntica peça de Teatro sem intervir porque conhecia muito bem o meu avó, de quem gostava muito e percebi logo que se tratava de "marosca".